O avanço da tecnologia reprodutiva tem proporcionado opções cada vez mais eficazes para homens e mulheres que querem ter filhos e desejam preservar sua fertilidade.
Duas alternativas muito comuns são o congelamento de óvulos e o congelamento de embriões.
Ambos os procedimentos oferecem vantagens e considerações importantes a serem levadas em conta. Por isso, neste artigo, a gente conversa melhor sobre o congelamento de óvulos e de embriões, compreendendo a fundo cada técnica.
Vamos juntos entender qual é o método mais indicado para você!
Leia também: O que é a transferência de embriões congelados (TEC)?
CONGELAMENTO DE ÓVULOS: COMO É FEITO E QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES?
O congelamento de óvulos é um procedimento médico pelo qual os óvulos de uma mulher são coletados, preparados e armazenados em temperaturas muito baixas para uso futuro.
Vem conferir como é todo esse processo:
1- Avaliação e estímulo ovariano: a mulher passa por uma avaliação médica completa para avaliar sua saúde geral e a reserva ovariana. Em seguida, ela é submetida a um tratamento hormonal para estimular os ovários a produzir vários óvulos maduros em um único ciclo menstrual. Esses medicamentos geralmente são administrados por meio de injeções diárias durante cerca de 8 a 14 dias.
2 – Monitoramento e maturação dos óvulos: durante o tratamento hormonal, o desenvolvimento dos folículos ovarianos (que são as “casinhas” dos óvulos) são monitorados através de ultrassonografias. Quando os folículos atingem o tamanho adequado e os níveis hormonais são apropriados, é administrado um hormônio final para amadurecer os óvulos.
3 – Coleta dos óvulos: o procedimento, chamado de punção ovariana, é realizado sob sedação e é guiado por ultrassom. O médico utiliza uma agulha fina para aspirar os folículos ovarianos e remover os óvulos. Esse material é, então, transferido para um laboratório.
4 – Preparação e congelamento: no laboratório, os óvulos são examinados e os melhores são selecionados. Em seguida, são congelados.
5 – Armazenamento: após o congelamento, eles são transferidos para um tanque de nitrogênio líquido, onde são armazenados a temperaturas baixíssimas. Esses tanques de armazenamento são projetados para manter os óvulos congelados por longos períodos, geralmente décadas, sem prejudicar sua qualidade.
Quando a mulher deseja utilizar os óvulos congelados, eles são descongelados, fertilizados em laboratório com os espermatozoides, e os embriões resultantes são transferidos para o útero.
O congelamento de óvulos é indicado principalmente em casos como:
– Adiamento da maternidade: mulheres que desejam postergar a maternidade por motivos como foco na carreira, busca por estabilidade financeira, espera pelo parceiro adequado ou outros objetivos pessoais.
– Tratamento médico: determinadas condições médicas, como câncer, alguns casos de endometriose, ou outras doenças que requerem tratamentos mais invasivos (como quimioterapia ou radioterapia), podem afetar a fertilidade da mulher. Nessas situações, o congelamento de óvulos antes do início do tratamento pode ser uma opção para preservar a fertilidade.
– Mulheres com baixa reserva ovariana ou histórico familiar de menopausa precoce (que ocorre antes dos 40 anos) também devem pensar no congelamento de óvulos.
CONGELAMENTO DE EMBRIÕES: COMO FUNCIONA E QUANDO É INDICADO?
Agora, vamos entender como ocorre o congelamento de embriões:
1- Fertilização em laboratório: o processo se inicia da mesma maneira como ocorre no congelamento de óvulos, ou seja, ele começa com a estimulação ovariana na mulher, onde ela recebe medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento de múltiplos folículos ovarianos; os óvulos maduros são então coletados através da punção ovariana que mencionei acima.
Mas é aqui que os métodos se diferem: depois da coleta, os óvulos já são fertilizados em laboratório com o esperma do parceiro ou de um doador.
2- Desenvolvimento embrionário: após essa fertilização, os embriões são monitorados e cultivados por alguns dias, durante os quais ocorre o desenvolvimento embrionário.
3- Seleção e congelamento: no momento ideal, os embriões de melhor qualidade são selecionados para serem congelados.
Quando a mulher opta por usar os embriões congelados, eles são descongelados e transferidos para o útero.
Vale ressaltar que o congelamento de embriões é indicado em casos como:
– FIV com a formação de vários embriões: durante um ciclo de fertilização in vitro (FIV), pode ocorrer a produção de embriões excedentes de boa qualidade, além daqueles embriões “frescos” que serão transferidos diretamente para o útero.
Nesses casos, os embriões adicionais podem ser congelados para uso futuro, o que pode ser muito útil caso a primeira tentativa de transferência não resulte em gravidez, evitando a necessidade de repetir todo o processo de estimulação ovariana e coleta de óvulos/espermatozoides.
– Tratamento de condições médicas: alguns procedimentos médicos podem afetar a fertilidade do casal, sobretudo quando envolve câncer. Então, nesses casos, os embriões podem ser formados antes do tratamento, congelados e transferidos posteriormente.
– Risco de síndrome de hiperestimulação ovariana: para mulheres que apresentam maiores chances de ter a síndrome de hiperestimulação ovariana (que é quando os ovários respondem excessivamente aos medicamentos hormonais), a transferência dos embriões para o útero pode ser adiada para o ciclo seguinte, sendo necessário o congelamento deles. Assim, é possível permitir que o corpo da mulher se recupere da estimulação ovariana que foi feita.
– E, claro, o congelamento de embriões é ideal para casais que já pensam de forma muito contundente em ter filhos, mas querem postergar um pouco mais.
MAS, AFINAL DE CONTAS, QUAL É O MELHOR MÉTODO?
A decisão de congelar óvulos ou embriões depende de vários fatores, incluindo a situação individual da mulher, seus planos e preferências. Aqui estão algumas considerações importantes para ajudar nessa escolha:
CONGELAMENTO DE ÓVULOS:
Não há dúvidas de que congelar óvulos oferece maior flexibilidade para mulher, já que eles pertencem exclusivamente a ela e podem ser utilizados futuramente para fertilização com esperma do parceiro atual ou outro futuro companheiro, caso, infelizmente, haja uma separação. E também há possibilidade de usar com um doador de esperma (sobretudo se a mulher deseja a maternidade independente).
Além disso, é uma ótima opção para quem já pensa em preservar sua fertilidade sem necessariamente ter um parceiro definido no momento.
CONGELAMENTO DE EMBRIÕES:
Agora, se a mulher está em um relacionamento bastante estável ou mesmo já casada, e o casal deseja ter filhos em algum momento, o congelamento de embriões pode ser uma escolha mais adequada.
E mais: se houver histórico de doenças genéticas na família, esse congelamento também pode ser importante, uma vez que, dessa forma, é possível testar geneticamente os embriões para identificar aqueles que são saudáveis.
E lembre-se: eu posso ajudá-la a superar as dificuldades e mostrar os melhores caminhos para, juntos, alcançarmos uma gravidez de sucesso. Conte comigo!
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Dr. Ricardo Luba
Especialista em Reprodução Assistida
CRMSP: 113528 RQE: 343951